foi uma merda, mas como diria a Maria da Fé: valeu a pena!
Aproveitando esta onda de despedidas, e porque temos de colocar aí um cartaz, faço também um balanço desta maratona eleitoral. Foi, certamente, o pior ano da minha vida. E devo isso a todos os apoiantes de José Sócrates que, com uma elegância impar, foram criticando a falta de nível no debate político dos seus opositores. Se tem algum jeito criar um blog contra o PS... De louvar é um blog como o Simplex, onde nunca se disse nem uma palavrinha que fosse sobre os adversários. Lembra, aliás, os discursos de José Sócrates quando este criticava os oponentes pela maledicência e ocupava, desta forma, metade do discurso. E nos jornais a mesma coisa. O Público, esse monte de esterco com agendas escondidas, ao invés do Diário de Notícias, esse poço de integridade, isenção e independência - os famosos 3 i's do DN.
Ficámos todos esclarecidos que o país se divide em 2 tipos de pessoas: as que apoiam Sócrates (ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo) e os outros filhos da puta. O bem e o mal, portanto.
Outra marca desta jornada foi a tónica dos discursos políticos. Os problemas do país? A governação do PS em 4 anos? As soluções para enfrentar a crise e combater o desemprego? Não. Nada disso. A tónica esteve em Cavaco Silva e em Salazar. Eu próprio cheguei a perguntar ao presidente da minha assembleia de voto onde estava o quadradinho para deitar no Salazar.
A figura política que eu gostaria de destacar é Eduardo Correia, o grande líder do MMS que, entre muitas outras actividades, fez uma maratona de marcha atrás. Uma pessoa muito bem resolvida, graças a Deus nosso Senhor.
O balanço é claramente negativo porque houve gente a mais a fazer humor, mesmo que involuntário. E isso tirou-nos muito material. Cada frase dita nesta campanha, seja de candidatos ou apoiantes, foi uma punch line.
Queria aqui agradecer publicamente a três entidades: à entidade Carolina Patrocínio, à entidade empregada de Carolina Patrocínio e ao Correio da Manhã. Pronto, e ao Miguel Vale de Almeida também - a Zita Seabra da esquerda moderna e sofisticada e esclarecida e vanguardista e tudo e tudo e tudo.
Entretanto, a causa Maitê Proença parece que vai ter mais aderentes que a nossa. Mas, pronto, a vida é assim mesmo. Temos todos de saber reconhecer o nosso lugar e o nosso valor.
Se isto fosse um blog de política à séria, onde se ganha e se perde, onde as pessoas lutam furiosamente contra a falta de democracia e liberdade que o regime fascista e opressor que vigora em Portugal desde 1143 vai impondo à pobre classe operária da Lapa e das Antas, acabaria com o vídeo do Tanto Mar do Chico Buarque e o título deste post seria "foi bonita a festa, pá". A seguir trocaria dezenas de e-mails com os meus camaradas de blog numa choradeira sem fim a gritar liberdade! liberdade! liberdade! e acabaríamos todos numa grande festa no Fágil na Sexta-feira, dia 16, pelas 23h. Mas isso era se nós fossemos um blog de política à séria...
Não ficaria descansado se não terminasse dizendo que a culpa desta merda toda é do Capitão Haddock.
Adeus e até ao meu regresso.