Sócrates e a sunga
Hoje foi a vez de Sócrates se despir perante as câmaras da Sic. Vimos o secretário-geral do PS de sunga, como já nos tinham advertido numa caixa de comentários aí para baixo. Não, não estava assim vestido, mas o ridículo é o mesmo.
Primeiro começou o blábláblá habitual: é tudo muito moderno, é tudo muito espectacular, o país deve os novos tempos a Sócrates. Enfim, o costume. Haja lá paciência para o Príncipe.
Foi, então, que o interrogaram sobre a sua imprevisibilidade. Ficámos todos muito satisfeitos por saber que Sócrates não é organizado, que não planeia nada e que tudo vai correr bem, tudo se há-de arranjar. Não, ainda bem que temos um Primeiro-ministro que parece uma canção do António Variações (vamos evitar piadas óbvias e imbecis). Que rigor, meu Deus!
Sobre a sua face mais intimista, Sócrates confessou que também chora como qualquer ser humano. Chora nos filmes. E que filmes - perguntam vocês? Olhem, por exemplo, o filme que passou no congresso do PS, com a história do PS. Que emoção! Sócrates diz que se enternece. Eu também, principalmente com as partes em que aparece o Tino de Rans abraçado ao pantaneiro, ou aos inflamados discursos de Jorge Coelho, para não falar nas atoardas de Candal (pai e filho, tanto faz).
Mas, a melhor parte foi quando o Zézito, que não falou da família, vá-se lá saber porquê, começou a tentar recitar o "Isto" do Fernando Pessoa e ficou ali encravado em dois versos. Parecia o windows vista a trabalhar nos computadores da Junta de Freguesia de S. Mamede. Pelo menos da outra vez lá lhe deram o poema para ele decorar. Se calhar já estava a pensar naquilo que ia dizer a seguir, que os políticos da América Latina usam mais a retórica e os chatos dos políticos europeus só se preocupam em resolver os problemas dos cidadãos. Uma maçada.
É claro que Sócrates não podia ter fechado subtilmente. Enquanto passeava pela marginal ainda deu os parabéns a um pescador que lá sacou um peixito. Pelo menos sabemos que o Primeiro-ministro tem noção da merda que o ministério da Agricultura andou a fazer. Tem tanta noção que um simples peixito o levou a congratular o pobre homem. Ao menos isso.